Vida circular

Hoje eu acordo para mais um dia.
Vivendo nessa rotina que pela retina se repete em toda matina.
Contando as horas para comemorar os anos de vida...
Sem saber se amanha conto como um dia a menos ou um dia a mais.
Se nessa vida vou para frente ou vou para trás...
Vida é uma armadilha e o mundo um presídio. Esses altos edifícios são um convite ao suicídio. Observa quantos andares, quantos olhares, dentro desse mundo sem lares. Eu queria era quebrar a algema e andar hectares...
Correndo dessa sociedade de papel que delimita nossa rotina. Tudo é igual em toda esquina. Nada de novo aqui e mais do mesmo ali.
O abraço já é assédio. O 'Amor' já é um tédio. Afasta que desapego!
De lá pra cá, só me vejo andando em dia inesperado, correndo atrás do que me faz me sentir concretizado...
Diante da maldade que eu vejo nessa cidade, só me resta não acreditar mais na humanidade. Todo dia dando de frente com a besta, pessoas e pessoas, desejando ser alguém, mas sem reza e sem amém, no fundo não passam de ninguém! Todos querem vencer e conquistar seu espaço em algum recinto, fazendo daqui um inferno e a felicidade um labirinto. Vencer o que? e ter lugar na onde? Se nem conseguem ter um sentimento que corresponde. Fingindo que venceu a vida tendo tudo que lhe dão, pagando de gostosão, sei que se esconde atrás de uma frustração. Venceu o jogo não tendo tempo para viver, agora sai daqui porque quem terminou já não tem nada a oferecer! Eu sei que quando você usa o depressivo não é para se enobrecer... Pois, assim eu acho fácil de mais. Quero ver você em meio ao caos... falsificar a paz. Enquanto eu vivo angustiado sempre querendo algo mais...
Voando contra o tempo pra ter dinheiro o quanto antes, pra ter sucesso o quanto antes, sem perceber que estou perdendo as coisas importantes.
Sempre to nessa brisa que o tempo já passou diante dos nossos olhos, o vento que já levou e não voltou, a fumaça que não bifurcou, aquele álcool...que ainda não se esgotou. Os medos e anseios que já deixei para trás, os beijos e as flores que não voltam mais. Carregando nas costas o peso que me faz ajoelhar, tentando me fazer subordinar. Deparo com a vida ficando mais cara e a morte em liquidação, nessa terra do silêncio e de solidão.
Observo aqui alguns sentem a chuva, já outros só se molham.
Alguns aqui só vê o mar, outros se jogam.
Muitos tem pressa, outros só se estressa.
Quem tá perdido nessa selva de pedra só precisa ter a noção de quebrar a corrente e ir para um lugar diferente... Encontrar a floresta dos laços que te acalmam a loucura e te provêm a autocura. Transcende a prisão, onde nada é imposto apenas exposto, em isonomia.
Esse aqui é só um dia.
Amanha tem mais enquanto tenho menos.
Andarei de novo por essas ruas cheias de venenos.
Pois não consigo quebrar a segurança que tenho.
Nascemos nesse criadouro dentro dessa gaiola de ouro, comprando uma ideia pronta do que significa tesouro. Sempre receando a liberdade...
Porque traz responsabilidade. Quem nasceu pra ser escravo jamais será autoridade.
Nem de si mesmo porque diante da vida pareço uma eterna criança.
Eu não sei viver nessa insegurança. Sei que parece uma ambiguidade, mas é mera incapacidade. Só bastava ter menos falsidade e mais lealdade, assim tudo ficaria certo na sociedade.
Preciso ir porque preciso acordar.
Para mais um dia igual enfrentar.
Nessa vida circular...